Era real

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Apagou-se na chuva o cigarro que me consumia.
Derretia-se na água corrente que banhava-me o rosto, o lápis preto que delineava-me os olhos cor de amendoa.
Barulhava o tênis encharcado d'água que já incomodava-me andar.
As roupas, velho jeans e camiseta preta, colavam-se em meu corpo como imã.
A rua não tinha fim, ao que me parecia, igual minha tristeza e dor.
Meus olhos embaçados, viam a luz fraca que o poster insistia em tentar clarear meus passos tropos e cansados.
Eu ansiava o fim da rua, o fim da dor. Um lugar quente, uma roupa enxuta, um abraço apertado, um chá de hortelã.
Não sei até onde andei, não sei bem onde cai, nem ao menos sei se parou de sangrar.


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