Nos dias como hoje, permito-me deixar a chuva lavar a alma, limpar a mágoa.
Nos dias como hoje, deixo-me levar pela melodia da água que cai no telhado, me embalando num transe profundo e duradouro.
Permito-me acreditar que horas melhores virão, que melodias melhores tocarão em meu coração.
Eu sempre acredito que as coisas boas chegam no momento certo, espero o momento de forma ansiosa, de forma que crio realidades, e nisso desabo nos dias como os de hoje.
A água que cai lá fora é quase no ritmo das que caem do meu olhar, que vive profundo e perdido. 
Hoje torno-me melodia triste, melodias eterna e terna, torno-me aquilo ou daquilo que me compõe.
As águas caem e eu desmancho, mancho o chão d'alma manchada...