Abri os olhos devagar, com um sorriso manhoso que faziam seus olhos brilharem. Sua mão corria minha face, seus dedos desenhavam minha boca. Você me olhava com tamanha ternura que o mundo poderia estar desabando lá fora, mas para mim, nada importava além daquele momento. Eram em instantes como aqueles de que eu tinha a plena certeza que você havia sido minha melhor escolha, minha luta mais valiosa, minha paz mais plena. Eu te amava como amava o ar que eu respirava e sabia que sem você eu não iria longe. Era aquele olhar, que ora calmo, ora zangado, ora terno, ora irônico, ajudava em todas as minhas decisões, eram suas mãos que guiavam-me onde quer que eu fosse. Sim, você era meu eixo, meu guia, minha luz.
Uma coisa que eu realmente procuro entender, é você falar que quer cuidar de mim e ser rude comigo.
É falar que quer me mudar, mas ser duro.
Lá no fundo, ou talvez na superfÃcie, eu demonstre o quanto sou menina.
E acho, apenas acho, que esse não é um modo dos mais bonitos de falar com uma menina!
Você deixou mais que balinhas de café esquecidas em nosso quarto...
Você deixou parte da nossa história!
Aqui tem nossos risos, nossos choros, nossos medos, nossas alegrias, nossas euforias, nossos sussurros, nossos beijos..
Agora, pra mim, ficou só minhas lembranças com teu cheiro em meu travesseiro.
Não quero acordar se é para viver nessa realidade que tanto me faz chorar. Me deixarei sonhar, pra fugir do que machuca. Pra fugir dessa lamina que desceu pela garganta, que te disse tchau, e está cortando tudo por dentro.
Lembro sempre da cara da minha mãe quando aos 18 anos eu disse pras visitas que não sabia andar de salto.
Lembro do espanto da minha famÃlia quando cheguei ao almoço de domingo com o cabelo colorido.
Lembro da frustração do meu pai quando disse que não queria cursar faculdade e sim viajar o mundo com uma mochila das costas e uma câmera no pescoço.
Lembro do jeito da minha avó quando disse que não queria casar, queria ser livre pra voar.
Lembro do desespero de minha madrinha quando me viu num palco tocando guitarra falando de dor.
Lembro que todos tinham em comum, a ideia que era a fase do rock'n roll.
Mas sabe, lá no fundo eu sei que essa tal fase ainda não passou!
Não me chame de 'minha fada' se não acredita no que diz.
Não me chame de 'minha bruxa' se você não suporta a ideia de me ver como uma.
Não me chame de 'meu amor' se você não pode aceitar e conviver com minhas opiniões, com meu jeito, com meus estresses, com minhas piadas sem graça, com minhas nostalgias diárias, com minhas loucuras, com minhas histórias e com meu passado...
Sou do jeito que você ver, não sou como você pensa, não sou no interior o diferente do que tento passar.
E mesmo que doa até meu respirar, eu não tenho mais o que falar.
Eu não quero te ver sangrar, eu não posso mais acreditar.
Eu não sei mais como andar, sem tuas mãos pra me guiar.
Mas devo aprender desde já, a dizer adeus pro teu olhar.
Me recuso a confirmar, meus motivos de nos matar.
Apenas devo lembrar, as coisas boas que vivi no teu abraçar.
Eu sei que agora vou tombar, mas é inevitável pro seu bem-estar.
Joguei pétalas ao pôr do sol
Recebi de volta um banho de perfume
Com uma luz que irradiou a alma.
Retribui o presente à mim mesma com um belo sorriso.
Ganhei luz, ganhei cheiro, ganhei cor.
Acho, que amor!
Tuas mãos,
Minhas mãos.
Tua boca,
Minha pele.
Teu suor,
Meu calor.
Tua rouquidão,
Minha perdição.
Teu abraço,
Meu porto seguro.
Teu carinho,
Meu sorriso.
Teu amor,
Meu amor.
NOSSO AMOR.
Ei, moço.
Vem cá.
Entra aqui, mas entra devagarinho.
Não repara a bagunça não, moço.
Mas é que há tempos que não arrumo isso aqui.
Mas moço, se você quiser, me ajuda aqui.
Está bagunçado demais, eu bem sei.
Há tempos eu espero por você.
Moço, esses teus olhos, moço.
Eles me encorajam, me alegram, me prendem.
Não sai mais não, moço.
Fique assim, juntinho, unido.
A bagunça chegará ao fim, ficará tudo lindo, tudo limpo, tudo nosso, tudo teu!
Pele clara.
Batom vermelho.
Cabelo preto.
Vestido balonê.
Lá vem ela com seu sorriso cativante.
Lá vem ela com sua franja elegante.
Lá vem ela andando com as pontas dos pés flutuante.
Olha o vento fazendo-a dançar.
Olha o vento moldando-a no andar.
Ola o vento desejando-a cantar.
O cheiro que o vento me traz, é o perfume dela.
As flores que aguardo só chegam com ela.
De Tulipas a Jasmins, de Rosas a Acácias.
É Outubro, é primavera, é ela inteira pra mim.
É flores, é folhas, é o amor dela exalado em mim.
É poesia, é alma, é minha historia num enredo sem fim.
Eu escrevo amor, eu rabisco o tempo, eu desenho o sentimento, eu brinco de pintar... Posso ser única, ter apenas uma cor, mas com cuidado e sabedoria posso fazer o que você quiser, basta saber manusear-me.
Sou cobiçada, invejada, por vezes muito usada...
E hoje eu sei, que mesmo no dia que eu acabar, que não tiver mais forças ou tinta pra te ajudar a falar de amor, espalhar ao mundo à felicidade, você irá guardar-me consigo.